"O projecto Serralves 21 nasceu da necessidade premente e imperiosa de criar espaço para o crescimento da colecção, porque já não temos espaço para a nossa colecção, temos já espaços alugados", disse hoje à Lusa o director do MACS, João Fernandes.
As reservas (zonas de armazenamento) de Serralves estão preparadas para acolher obras de arte, mas são insuficientes para a actual colecção, com mais de 1500 obras a que se somam trabalhos em papel, fotografias e filmes, que exigem condições específicas de armazenamento.
"Isto obriga a criar diversas climatizações, em termos de temperatura e humidade, e exige um edifício sofisticado com condições de guardaria muito diversificadas, o que representa um grande investimento ", disse João Fernandes.
Os responsáveis da Fundação concluíram que o novo edifício teria de prestar serviços à comunidade por forma a gerar receitas que ajudem ao financiamento, nomeadamente oferecendo a possibilidade de guardar colecções particulares.
O projecto do edifício que inicialmente se dedicava sobretudo à guardaria (depósito e preservação) da colecção de arte, foi assim evoluindo para um pólo multifuncional com um conjunto de missões mais vasto e diversificado.
"Ter ali colecções de arte e não as rentabilizar seria um crime e além disso queremos que ali trabalhem pessoas e circule muita gente", disse a directora-geral da Fundação de Serralves, Odete Patrício.
Uma consulta a várias autarquias culminou na escolha de Matosinhos, que ofereceu o terreno a custo zero, com direito de superfície por 99 anos. Em troca, Serralves 21 prestará um serviço cultural a Matosinhos, materializado numa galeria de exposições.
O director do MACS referiu que Serralves 21 poderá proporcionar aos coleccionadores um serviço de fotografia e catalogação das respectivas colecções e uma série de outros serviços como o restauro.
No mesmo complexo ficará instalado um núcleo museológico de arqueologia industrial, uma vez que naquele terreno funcionava a antiga Efanor, uma importante industria têxtil da região, cujos vestígios serão mantidos.
"Ali poderão ser organizadas actividades que têm a ver com esse sector, onde a indústria têxtil poderá apresentar os seus produtos actuais, nomeadamente com desfiles de moda, a cruzar os universos da indústria e da cultura", disse João Fernandes.
O concurso de arquitectura internacional foi ganho por um consórcio dirigido pelo atelier SANAA, dos arquitectos japoneses Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, que propôs uma estrutura em pavilhões, densa e compacta, traduzindo a multifuncionalidade do conjunto.
Os vários edifícios estarão ligados entre si por um só piso subterrâneo com 7.500 metros quadrados, onde se situarão os espaços destinados às reservas do museu e guardaria de colecções privadas.
À superfície, os edifícios - ligados por um conjunto de ruas pedonais e jardins interiores - terão uma recepção comum, galerias de exposição, um edifício multifuncional para actividades didácticas, áreas de comércio ligado à arte e fixação de indústrias criativas e para serviços administrativos.
text credits: Destak
image credits: Cannatã & Fernandes
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